quinta-feira, 19 de abril de 2012

O homem e o rinoceronte

O cólerico e imponente rinoceronte emite seus grunhidos animalescos; está prontamente posicionado ao ataque.O franzino e petrificado homem estende-se à cerca de dez metros da fera. Não fazia ideia do que estava fazendo ali, naquele momento, naquele lugar; não recordava. Incrivelmente o instante de choque em que se encontrava não o dava espaço na mente para mais nada a não ser mentalizar o rinoceronte à sua frente. Mesmo se recordasse, não ia fazer diferença e, possivelmente, tais segundos de esclarecimento lhe custariam uma vida. Enquanto o duelo mexicano prolonga-se, o homem parece ouvir gritos e ver certos borrões fora de foco ao redor do rinoceronte; concordou que aquilo era uma mera ilusão ,já que sua realidade estava ,obviamente, reduzida ao brilho por sangue no olhar fulminante que o encarava. Tenta não acreditar que o rinoceronte estava associado à sua morte; não queria morrer tão dolorosamente em uma tragédia certa. Tratou de rejeitar este pensamento negativo; deixou-se levar pelos seus instintos de sobrevivencia herdados da época em que o rinoceronte e o homem não se diferiam tanto como hoje. De súbito, podia se ver dois animais em iminente confronto. O menor parecia mais fraco e qualquer expectador alheio à sagacidade humana poderia apostar sua fortuna no maior, contudo, o pálido hominídio tinha uma coisa à seu favor: o raciocinio de jogar areia nos olhos do adversário. E foi exatamente o que ele fez! O rinoceronte desorientado dá alguns passos sem ver: o tempo necessário para o homem fugir e esconder-se. Recobrou a lucidez e agradeceu à mais eficaz arma de combate: a malícia. Viva a raça humana!

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