sábado, 16 de março de 2013

Agradeciam e o ofereciam filhas e banquetes
mas ele não as recebeu

Beijavam-no embaixo da chuva parisiense
mas ele não beijou de volta

Falavam paixões e medos freudianos
mas ele não as escutou

Gritavam aos prantos e o deixavam pra trás
mas ele não se importou

Esmurravam, cuspiam e caçoavam dia e noite
mas ele não sentiu nada

Mataram-no no meio do mercado da praça
mas ele nunca viveu



quinta-feira, 14 de março de 2013

E lá estava o prédio branco
 da esquina abandonada
Não morava pessoa ou gente
apenas sem-tetos e ratos

No último andar, não existia
cupim ou fantasma de filme
O vazio e silêncio de horas atrás
era o mesmo a cada instante

Quem, algum dia, tentasse
subir as escadas e entrar lá
Não voltava ou não mais se via
perdiam-se na metáfora do meu coração

quinta-feira, 7 de março de 2013

tinha a mente cárcere, pássaro em gaiola
não cantava para o nascer do sol e quem entrasse
não conseguia voar; tinha medo ele de altura
até que um dia, uma ideia o libertou

não voltou mais; talvez se perdera...
como o mar que vômita em cada anseio de onda
ela ruminava e jogava seus medos e náuseas
e há de quem não se molhar de sua onda!

só nos resta a luz do sol para nos secar...