quinta-feira, 15 de março de 2012

A extraordinária historia de um Chico

Francisco Correa de Almeida, 32 anos, estava, naquele momento, sentado no sujo banco da estação Uiracoera.
Esperava o seu ônibus que o levaria a um boteco decadente no centro onde trabalhava como garçom dia e noite . Diria ele que não fora o trabalho que sonhava quando ainda tinha  liberdade para isso mas o destino não tinha compaixão; aprendeu quando criança .Alem de seu emprego, possuia uma mulher e um belo casal de filhos; a primeira, testemunha de seu sofrimento, os ultimos, provas de um amor que nunca aflorou. Passos calculados deixavam todo dia  um rastro dissimulado  do resto da sola de seus sapatos e da solidão que lhe batia constantemente no peito enquanto retornava ao murcho seio de sua famíla no final do turno. Aqueles singelos minutos o fizeram pensar, pela primeira vez, em sua maltrapilha existencia. Rostos do passado se misturavam à sonhos desenterrados nesse sublime devaneio que lhe passou por um instante em sua cabeça, momentos antes do ônibus chegar. Lá iria Francisco, mais uma vez, cumprir sua infeliz sina. Enquanto o veículo deixava a estação, alguém diz ter visto a silhueta de um homem a correr à passos desmedidos rasgando sua última gravata borboleta. Deixava para tráz apenas um disfarçado sorriso.

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