quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

miragens

                 1
Dentro da serra esquecida
Além de onde o Sol nasce
Árvores tortas brotam
Longe uma das outras

Não fazem mais que competir
Pela atenção dos bons meninos da roça
Que, descalços, com os pés rachados
Não tardam em trepar nelas

                 11
Um velho desiludido e desconsolado
Dorme sobre o terreiro de trás
Suas rugas se tornam nos sulcos
E acidentes que a enferrugada enxada
Não conseguiu abrir

Seu cabelo crespo e grisalho
É o mato seco e esbranquiçado
Que teima em nascer e crescer.
Velho teimoso....

2 comentários:

  1. A poesia nos dar uma ferramenta mágica que permite brincar com as palavras e falar as verdades. Em "Miragens' Há três momentos bem distintos, mas que se unem em uma reflexão final: a roça que lembra o interior, a infância que não volta e a idade que não perdoa. A forma de construção dessa síntese da-se de uma forma simples e não explora a melancolia. Nos leva à reflexão da importância sobre a simplicidade da vida desprovida de vaidades infrutíferas. Valeu.

    Regino Pinho.

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