Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázioOu flechas de cravos que propagam o fogo:Te amo como se amam certas coisas obscuras,Secretamente, entre a sombra e a alma.Te amo como a planta que não floresce e levaDentro de si, oculta, a luz daquelas flores,E graças a teu amor vive escuro em meu corpoO apertado aroma que ascendeu da terra.Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,Senão assim deste modo que não sou nem és,Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.Antes de amar-te, amor, nada era meu:Vacilei pelas ruas e as coisas:Nada contava nem tinha nome:O mundo era do ar que esperava.E conheci salões cinzentos,Túneis habitados pela lua,Hangares cruéis que se dependiam,Perguntas que insistiam na areia.Tudo estava vazio, morto e mudo,Caído, abandonado, decaído,Tudo era inalianavelmente alheio,Tudo era dos outros e de ninguém,Até que tua beleza e tua pobrezaDe dádivas encheram o outono.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A Dança
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